A América Latina na encruzilhada da história e a opção que faremos

Evo Morales já conseguiu a reeleição; agora é com Dilma e Tabaré

Por Pedro Muxfeldt

Um ex-presidente da Câmara de Deputados, de família política, com um dos antepassados tendo sido eleito presidente, jovem e com um discurso de mudança afiado na ponta da língua. A descrição cabe perfeitamente em Aécio Neves, mas trata de Luis Alberto Lacalle Pou, principal adversário de Tabaré Vazquez na corrida presidencial no Uruguai que, por coincidência, tem seu primeiro turno também neste domingo.

Além de possuírem biografias parecidas, Lacalle Pou e Aécio também representam uma mesma força: o conservadorismo que quer voltar ao poder na América Latina após uma década de governos pós-neoliberais em países como Bolívia, Venezuela, Argentina, Equador, além de Brasil e Uruguai, claro.

E para isso, se utilizam de basicamente do mesmo caudal discursivo. Atacam as dificuldades inerentes à crise econômica mundial como retrato de incompetência e má gestão dos atuais governos, diminuem os enormes avanços conquistados na área social, questionam a preferência pelo modelo de integração Sul-Sul e se apoiam nos setores mais reacionários da sociedade quando tratam de temas como a segurança.

É por isso que este domingo coloca não apenas Brasil e Uruguai, mas toda a América Latina na encruzilhada da história. Nas urnas, a população destes dois países decide entre dois modelos de governança distintos. Um tem forte caráter popular, reduziu a desigualdade social e enfrentou a crise de cabeça erguida. O outro esconde de onde veio (Luis Alberto não utiliza o sobrenome, associado ao pai ex-presidente, na campanha) e sua intenção de restaurar a política neoliberal no continente.

No caso uruguaio, um agravante. Comandado pelos tradicionais partidos Colorado e Nacional, que se revezaram no poder por décadas até a ascensão da Frente Ampla em 2005, o Congresso aprovou um plebiscito, que acontece junto com as eleições, sobre a redução da maioridade penal. O mesmo país que liberou o aborto, a maconha e o casamento gay corre o risco de começar a encarcerar seus jovens. Tal proposta é a cara do retrocesso encarnado pelas candidaturas antipopulares de Aécio e Lacalle Pou.

Neste domingo, mais do que eleições que colocam em risco todo um processo de união nunca antes visto na América Latina, temos a oportunidade de negar com ainda maior veemência a opção neoliberal e elitista que legou ao subcontinente a maior concentração de renda do mundo, ausência de serviços públicos, fome e miséria.

Neste domingo, a opção é pela esperança de um Brasil mais justo, que, como disse o deputado Marcelo Freixo, queira seus filhos nos bancos do colégio e não dos réus. A opção é pela solidariedade entre os povos, é pela Pátria Grande forte e unida.

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