A corrupção no vôlei brasileiro e o mito da imprensa sobre privatizações

Ex-presidente, Ary Graça está envolvido nos esquemas da CBV
Por Pedro Muxfeldt

No início do ano, o jornalista Lúcio de Castro denunciou, através da premiada série de reportagens 'Dossiê Vôlei', um grande esquema de corrupção instalado no seio da Confederação Brasileira de Vôlei, sustentado fundamentalmente com o dinheiro do patrocínio do Banco do Brasil.

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A coisa funcionava da seguinte maneira. A entidade contratava empresas-fantasma de seus dirigentes por serviços que nunca foram prestados. São inúmeras transações e milhões de reais desviados do esporte que se tornou um orgulho nacional nos últimos 20 anos.

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Ontem, auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União comprovou tudo que Lúcio expôs e ainda desvelou outros casos. Com isso, o Banco do Brasil já anunciou que vai interromper os pagamentos de dinheiro público para a confederação até que as recomendações da CGU sejam cumpridas.

O trabalho da controladoria, como bem sinalizou Lúcio em texto de ontem, "pode apontar um modus operandi reproduzível em outras instituições do esporte brasileiro". Ele também desmonta uma das maiores mentiras criadas pela grande imprensa e pelos representantes do neoliberalismo em nossas terras: o mito da moralidade de empresas privadas.

É com esse argumento que muita gente justifica até hoje o processo criminoso de privatizações posto em prática pelo governo Fernando Henrique Cardoso e defende que estatais como a Petrobras também sejam entregues à iniciativa privada.

Segundo essa linha de pensamento, o aparelho estatal é um antro de corrupção, desvio de verbas e favorecimentos enquanto as empresas privadas funcionam à perfeição com funcionários honestos e diretores alçados aos seus cargos de chefia apenas por suas competências técnicas.

Tudo mentira. Tanto no setor público quanto no privado há honestos e corruptos, esquemas por debaixo do pano e trabalho sério. Só que há uma diferença fundamental entre eles. Dinheiro público significa controle público. Prefeitura que recebe dinheiro de um ministério, por exemplo, precisa comprovar toda a movimentação daquela verba ou alguém vai desconfiar, contestar e investigar.

Já no setor privado tudo corre sem freio, ninguém vê as negociatas e a imprensa não se interessa em ir atrás - até porque são estes grupos privados que financiam a mídia. É preciso alguém com coragem e sem rabo preso como Lúcio de Castro para que esquemas dessa natureza venham à tona e firam de morte a mentira repetida mil vezes pelos meios de comunicação.

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