A grande lição que o MTST dá à esquerda brasileira

MTST é o exemplo que a esquerda nacional deve seguir em prol das reformas

Por Pedro Muxfeldt

Essa semana, assim como muitas outras nos últimos meses, foi protagonizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na quarta, integrantes da ocupação Zumbi dos Palmares, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, fecharam acordo com a prefeitura e o governo federal garantindo a construção de 1.000 moradias populares no local. Já ontem, 15 mil pessoas marcharam na Avenida Paulista pela reforma política e mais direitos.

Juntos, os dois acontecimentos são uma lição e tanto para os partidos de esquerda do Brasil. Desde o ano passado, o MTST, bem como Guilherme Boulos, seu coordenador, vem despontando como a força progressista que melhor compreende e age no xadrez político nacional.

A tática do movimento é clara. Tendo Boulos na linha de frente, o grupo sempre combina mobilização massiva com abertura para negociação no intuito de alcançar seus objetivos da maneira mais rápida possível. E os resultados são impressionantes. A ocupação em São Gonçalo durou apenas 12 dias entre a entrada das primeiras famílias e o acerto.

O mesmo sucesso, ainda que com uma espera mais prolongada, se deu na ocupação Copa do Povo, instalada próxima ao Itaquerão, sede da abertura da Copa do Mundo. Nos dois casos, o MTST conseguiu a construção de casas populares através do Minha Casa, Minha Vida Entidades, modalidade do programa de habitação onde o próprio movimento comanda as obras.

O modus operandi do grupo precisa ser captado pelos partidos de esquerda do país caso eles desejem promover as reformas necessárias para o Brasil. Atualmente, PT e PSOL não falam a mesma língua e, cada um à sua maneira, falham no encaminhamento de suas ações.

No governo há 12 anos, o PT, em prol da governabilidade, abandonou a mobilização. Por sua vez, o PSOL, desde sua criação, mostra-se completamente arredio a negociações e acordos, ainda que eles sejam a chave-mestra para o avanço das políticas de inclusão e cidadania no país.

É urgente que os dois partidos corrijam seus rumos. De sua parte, o PT precisa se reconectar com as ruas da maneira em que ocorreu no segundo turno. Emparedado por suas alianças parlamentares com a centro-direita, o governo parece sem capacidade de promover mais mudanças se não romper parte de seus acertos e estimular a pressão popular sobre o Congresso conservador que temos e teremos ainda mais em 2015.

Já o PSOL, a despeito do apoio dado por suas lideranças à reeleição de Dilma no choque com Aécio, deve compreender que o momento é de cerrar fileiras com os agentes de esquerda, entre eles o PT, em torno do aprofundamento das conquistas dos últimos anos e o bloqueio do avanço do pensamento liberal-conservador.

Os dois partidos, portanto, devem buscar reunir forças, se espelhar no exemplo bem-sucedido do MTST e aliar as manifestações de rua com os acordos palacianos por "menos direita e mais direitos". Pois, como Boulos em diferentes artigos já mostrou compreender, o grande inimigo da esquerda não são seus pares, mas o fantasma neoliberal que ronda o país.

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