A quem interessam as pesquisas eleitorais do segundo turno?

Especuladores podem ganhar milhões com 'humores' das pesquisas

Por Pedro Muxfeldt

Como bem lembrou o Miguel do Rosário, no Tijolaço, no final da noite de ontem, é bom não acreditar em nenhuma das pesquisas divulgadas hoje e as outras que virão até o domingo, independente do resultado que elas apontem.

Tendo em vista que elas não são confiáveis no que deveriam se prestar a fazer como mostraram os resultados do primeiro turno para presidente e governador em diversos estados, resta se perguntar a o que (ou quem) essas sondagens interessam de fato.

Em primeiro lugar, aos próprios institutos de pesquisa. Em entrevista ao Canal Livre da Bandeirantes ontem, Mauro Paulino, presidente do Datafolha, revelou que a empresa fará quatro sondagens (contando com a de hoje) até sábado. Com cada uma registrada no valor de R$ 260 mil, é mais de R$ 1 milhão em seis dias.

Porém, o ganho dos pesquisadores é ínfimo comparado a outro grupo que lucra bastante com as variações das sondagens: os especuladores da Bolsa. Sempre com informações privilegiadas, esses apostadores podem fazer fortuna com o sobe e desce das ações, totalmente desconectado das flutuações internacionais.

A Petrobrás é um bom exemplo do tanto que se pode ganhar. Em 1º de outubro, as ações preferenciais da estatal caíam para R$ 16,40. Com o desempenho surpreendente de Aécio no primeiro turno e pesquisas colocando o candidato à frente de Dilma no segundo, o papel da empresa chegou a R$ 20,75.

Em números totais: se alguém tivesse investido R$ 10 mil no período de baixa e vendido na alta, lucraria R$ 2.500 em menos de duas semanas. Como estamos tratando dos abutres bilionários do mercado financeiro, você pode colocar mais alguns zeros nessa conta.

São milhões de reais conquistados sem produzir um mísero alfinete nem empregar ninguém, somente com meia dúzia de informações e o humor do mercado, sedento pela cartilha neoliberal na qual Aécio reza.

Mais: esses lucros exorbitantes podem ser fruto de um cenário ainda mais fantasioso. Devido à prerrogativa da margem de erro, é possível que a variação das três pesquisas Datafolha divulgadas no segundo turno não tenha ocorrido, pois tanto Dilma quanto Aécio dançaram somente dentro da tolerância nas sondagens.

O cenário, independente de para qual lado esteja pendendo, pode até ser irreal, mas a grana que institutos e financistas já ganharam (e vão ganhar) durante as eleições é bastante real. É por isso que fazem tantas pesquisas.

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