Garotinho no RJTV mostra como é urgente a democratização da mídia

Acusado em entrevista, Garotinho revelou sonegação da Globo


Por Pedro Muxfeldt

As entrevistas dos candidatos a cargos do Executivo nos telejornais da Rede Globo têm sido muito mais instrutivas quanto aos desmandos da maior empresa de comunicação do país do que para auxiliar o eleitor na definição de seu voto em 5 de outubro.

Os presidenciáveis no Jornal Nacional deixaram claro como nossa mídia atua contra a classe política e evita a apresentação de propostas pelos candidatos para manter as rédeas do debate público, sempre enviesado pelos preceitos econômicos que lhe agradam. Falei sobre isso em texto para o Diário do Centro do Mundo.

Nesta semana, foi a vez dos programas locais sabatinarem os concorrentes ao governo do Estado. Mais uma vez estão lá o denuncismo, a ausência de ideias. Porém, a Globo não contava que tomaria uma sapatada reveladora do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho.

Um dos mais ferrenhos adversários das Organizações Globo, o candidato do PR escancarou os desvios que a Vênus Platinada teima em esconder. Durante a entrevista, ao ser perguntado sobre as acusações de desvio de dinheiro público e improbidade administrativa que ele e ex-secretários respondem na Justiça, Garotinho lembrou que a empresa dos Marinho também é ré em processo por sonegação de R$ 600 bilhões (veja os documentos da denúncia, publicados pelo Cafezinho).

Constrangida, a apresentadora do RJTV, Mariana Gross, soltou um "a Globo não sonegou nada" em meio à fala do candidato. Ao final do tempo de entrevista, quando Garotinho já não poderia mais falar, a jornalista reafirmou que a corporação paga seus impostos.

Aí reside o grande mal que a Globo faz ao país. O monopólio da informação reserva a ela um lugar de fala único, em que suas opiniões não podem ser rebatidas em igual tamanho por seus adversários. Nas entrevistas até aqui, todos os candidatos foram interrompidos seguidas vezes pelos apresentadores globais, insatisfeitos com suas explicações.

A forma de também interrompermos e demonstrarmos insatisfação com as desculpas que a Globo dá tem nome e sobrenome: democratização dos meios de comunicação. Este precisa ser nosso objetivo maior para 2015. 

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