Os rebaixamentos corridos do Campeonato Brasileiro

A taça da Série B está cada vez mais presente na sala de troféus dos gigantes

Por Bruno Cavalieri

Hoje, o Botafogo recebe o Figueirense, em São Januário. Uma vitória é fundamental para o time carioca seguir sonhando com a permanência na Série A. Uma possível queda alvinegra, por sua vez, atesta um fato curioso: a maior frequência de rebaixamentos dos times grandes depois da implantação do sistema de pontos corridos.

Em 2003, quando o Brasil adotou o modelo europeu em sua liga nacional, os clubes grandes haviam sido rebaixados cinco vezes à divisão inferior: o Grêmio em 1991, o Fluminense na incrível dobradinha 1998-1999 e, em 2002, Botafogo e Palmeiras morreram abraçados.

De 2003 até 2014, com os pontos corridos, foram seis quedas: Grêmio (2004), Atlético Mineiro (2005), Corinthians (2007), Vasco (2008, 2013) e Palmeiras (2012). A possível queda do Botafogo neste ano acarretaria no terceiro ano seguido de um clube grande rebaixado.

Nas primeiras décadas, não havia uma fórmula definida para o Campeonato Brasileiro. É bastante razoável, portanto, imaginarmos que os doze grandes estivessem presentes em praticamente todas as edições. Quando o Grêmio inaugurou a lista, na década de 90, a cartolagem era mais presente no nosso futebol. A mesa virou para o Fluminense por duas vezes e uma para o Botafogo, quando ganhou três pontos do São Paulo por uma escalação irregular do saudoso Sandro Hiroshi, em partida entre os dois clubes.

Além dos motivos políticos, a matemática também é uma das causas dos repetidos fracassos dos gigantes do nosso futebol. Com o modelo de pontos corridos, o número de participantes do Campeonato Brasileiro caiu gradativamente, até chegar aos 20 participantes. Em 2002, último ano do sistema de mata-mata, foram 26 clubes na nossa liga. A probabilidade de um dos doze grandes cair, com 20 times na disputa do torneio, é consideravelmente maior do que quando há vinte e seis participantes. 

Percebe-se, portanto, a tendência de alguns nomes se repetirem com mais frequência nessa temida lista. A comoção da primeira queda dá lugar à justificada impaciência do torcedor nos insucessos posteriores. O Vasco deste ano, por exemplo, vai ser o primeiro grande a subir sem o título na era dos pontos corridos.

Por quantos rebaixamentos um clube grande conseguirá sobreviver? A longo prazo, é curioso pensar na resposta desta pergunta. Administrar o Botafogo, com dívidas, Regis, Dankler, André Bahia, Murilo, Jóbson e Bruno Corrêa (todos escalados para o jogo de hoje), será um desafio para a chapa que ganhar as eleições no próximo dia 25. O possível rebaixamento é apenas um dos graves problemas vividos pelo Glorioso.

Ainda há um longo caminho para o alvinegro carioca, ou qualquer outro gigante, tornar-se pequeno. Em nenhuma outra liga há tantos times que começam a competição com reais chances de título. Com vinte clubes, porém, é inevitável as disparidades aumentarem com o passar das décadas e dos rebaixamentos.

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