A educação na América Latina e a imprensa do copo meio vazio

Opositor dos Kirchner, Clarín é exemplo da imprensa do copo meio vazio

Por Pedro Muxfeldt

A Unesco divulgou ontem os resultados iniciais do Terce (Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo), que mediu o nível educacional de alunos de 15 países da América Latina, entre eles o Brasil. Foram aplicadas provas de Leitura e Matemática para alunos dos 4º e 7º ano e de Ciências somente para o 7º.

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Conforme a imagem acima comprova, a conclusão dos responsáveis pela análise é que, de 2006 a 2013, a pontuação média dos alunos latino-americanos "melhorou significativamente". Por outro lado, "há trabalho por fazer" no futuro.

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Nas tabelas divulgadas pelo órgão ligado às Nações Unidas, é possível perceber que o Brasil tem papel fundamental neste avanço, tendo conseguido melhorar sua nota em todas as provas. O portal do La Voz aponta que o mesmo aconteceu na Argentina.

Contudo, adivinha como Clarín e o Globo divulgaram a notícia da "melhora significativa" em nossa educação? Os dois grupos de mídia, aliás, mantiveram estratégias semelhantes.

Opositor ferrenho dos Kirchner, o Clarín aponta em seu texto que os argentinos "não se destacam em nenhuma matéria" pelo fato de não terem ficado entre os dois primeiros países do continente em nenhuma das provas.

Já O Globo foi mais sutil. Mancheta a sexta colocação brasileira no ranking de leitura e afirma que 64% dos nossos estudantes "não atingem os níveis bom e ótimo". O portal G1 fez pior e cravou que essas crianças são "fracas" em leitura.

Cuba, melhor educação do continente, não participou da prova 
É a velha história de mentir só falando verdades. O jornal chegou ao número juntando os jovens com desempenho ruim àqueles que receberam grau regular. De fato, menos de 20% das crianças tiverem nota baixa no quesito leitura e 44%, regular.

São dois pesos e duas medidas com o objetivo de rebaixar os avanços e investimentos educacionais dos últimos anos. Durante a campanha, alardeou-se seguidas vezes que Aécio teve 90% de aprovação ao governar Minas. Nesse caso, as avaliações regulares foram somadas ao ótimo e bom para se chegar ao valor. Sutil.

Clarín e Globo formam, junto a meios de outros países da América Latina, a imprensa do copo meio vazio. Eles se recusam a dar boas notícias seja escondendo-as ou apresentando apenas o lado negativo delas.

Os barões da mídia estão cada vez mais à vontade em espalhar sua ferocidade sobre os governos pós-neoliberais que vencem eleições no continente há 16 anos e agem na reversão dos anos de atraso e desigualdade legados pela hegemonia da direita militar ou democrática.

O antídoto para o pessoal do copo meio vazio, que não joga apenas contra políticos e partidos, mas contra toda a população, é o enfrentamento direto via regulamentação da mídia, incentivo às TVs públicas e corte dos gastos de publicidade. Fechar as torneiras de dinheiro público despejado em Vejas e Globos, aliás, faria eles finalmente verem o copo esvaziado por completo.

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