China vai para cima da América Latina para dominar o mundo

Xi Jinping fez giro pela América Latina em julho
Por Pedro Muxfeldt

Eles começaram pelo Sudeste Asiático. Depois, entraram fortes na África. Agora, eles querem a América Latina. A estratégia chinesa de se tornar a grande potência mundial chega a um momento crítico com a busca pela hegemonia nas bordas do território norte-americano. Mas o que esperar das movimentações do dragão? A lógica será de exploração como a implantada historicamente por Washington ou o soft power de Pequim trará lucros para o Brasil e nossos vizinhos?


A julgar pela relação do país com a África, o cenário é positivo, mas é preciso cautela. Os volumosos investimentos de estatais e empresas privadas da China não são caridade, o objetivo é um só: alcançar novos mercados e grandes lucros. Porém, Pequim tem auxiliado na construção de infraestrutura e formação de pessoal, dois pontos que a ajuda das potências tradicionais e colonialistas nunca havia tocado.


Tendo esta história pregressa, a China vai desembarcar de vez na América Latina a partir do ano que vem. E o carro-chefe é o Canal da Nicarágua, megaprojeto chinês que busca fazer frente (e suplantar) o Canal do Panamá, administrado pelos norte-americanos. Serão 50 bilhões de dólares, 200 mil empregos gerados, danos ambientais e remoção de casas.

O Brasil também entra na jogada. Além das crescentes relações diplomáticas através do Brics, duas companhias chinesas têm participação nos poços do pré-sal do campo de Libra. Petróleo e mineração, aliás, são a porta de entrada dos chineses também na Argentina, Peru e Venezuela.

O país de Chávez é um caso à parte nessa história. Alvo de sanções recentes do governo dos Estados Unidos, a Venezuela recebeu apoio chinês contra a ação de Obama através de documento G77+China, grupo de nações em desenvolvimento que, sintomaticamente, trouxeram Pequim para o seu lado. Além disso, Caracas recebeu 50 bilhões de dólares em empréstimos nos últimos anos.

A tática chinesa, que se repete na Rússia, é clara. Atrair para sua influência todos os países com relações estremecidas com Washington. O mesmo aconteceu com Cuba, onde o presidente Xi Jinping esteve após passar por Brasil, Venezuela e Argentina em julho. Em Havana, assinou 29 acordos bilaterais, de portos a campos de golpe.

Com a típica paciência oriental e surfando no sentimento antiamericano exacerbado em alguns países do continente, a China vai construindo sua hegemonia na América Latina de maneira diferente da que os Estados Unidos mantiveram por décadas. O segredo para o Brasil e seus vizinhos é saber aproveitar os ganhos que virão sem cair na dependência que saqueou nossos recursos durante muito tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário