De quem é a culpa pela epidemia de ebola na África Ocidental?

Fome, miséria e morte é o resultado da presença do FMI na África Ocidental
Por Pedro Muxfeldt

Tentaram colocar a culpa na ignorância do povo e depois na sua religiosidade. Outros, mais cínicos e preconceituosos, tendem a acreditar que a África nasceu condenada a viver séculos de desventuras e tragédias.


Mas na verdade, a epidemia de ebola que assola Guiné, Libéria e Serra Leoa há meses e já ceifou mais de 7 mil vidas tem um só culpado. 'É a economia, estúpido' e todo o mal que a defesa dos lucros rentistas causou - e causa - aos países mais pobres do mundo.


Um grupo de estudiosos britânicos comprovou com dados aquilo que muita gente já sabia. O maior propagador de fome e miséria em todo o mundo atende pelo nome de Fundo Monetário Internacional. Com o ebola não foi diferente.

A curta análise dos acadêmicos, publicada na revista científica The Lancet, ataca o ponto-chave da questão. Alvo de diversos pacotes econômicos do FMI durante os últimos 20 anos, Guiné, Libéria e Serra Leoa deixaram de investir em áreas fundamentais como saúde e educação para alcançar as metas de austeridade fiscal impostas pelo organismo internacional.

A destruição dos serviços públicos nos países mais pobres pelas políticas do FMI agem em três partes. Primeiro, os governos são obrigados a reduzir custos, deixando equipamentos sucateados. Segundo, a diminuição dos gastos com pessoal fez muitos médicos deixarem seus países. Por fim, a descentralização dos serviços faz com que as prefeituras tenham a maior responsabilidade por saúde e educação, reduzindo o tempo de resposta a problemas nacionais como uma epidemia.

Se esfacelam a área social dos países o FMI também não resolve seus gargalos econômicos. Desde 1990, por exemplo, a Guiné viveu 21 anos sob regimes de contenção de despesas do FMI e nada do déficit fiscal diminuir, que dirá a pobreza e a desigualdade social.

Há 12 anos que o Brasil não sabe o que é pegar empréstimo e sofrer com as condicionalidades do fundo. O resultado está aí. Redução da pobreza e miséria, saída do mapa da fome e desemprego em níveis mínimos.

O mesmo precisa acontecer na África. Há que se arrebentar os grilhões que prendem o continente à lógica da pobreza e do desamparo, pois a manutenção das políticas do FMI e sua prioridade ao capital financeiro condena suas estirpes a séculos de solidão, miséria e morte. 

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