15 mil bolsonaros na Alemanha; hora de barrar o avanço da extrema-direita

15 mil protestaram em Dresden contra a islamização da Europa
Por Pedro Muxfeldt

Ontem, grupos neonazistas conseguiram levar 15 mil manifestantes para as ruas de Dresden, na Alemanha, em protesto contra o que eles classificam de a "islamização da Europa". Foi a nona segunda-feira consecutiva de passeatas na cidade e outras partes do país também vêm recebendo manifestações com o mesmo tema.


É curioso notar que a pauta dos protestos alemães é semelhante àquela defendida por Jair Bolsonaro no fatídico discurso em que ameaçou Maria do Rosário de estupro. Em sua fala, o deputado alertou para a invasão de "cubanos, haitianos e iranianos" em nossas terras.


A xenofobia, uma das bandeiras mais fortes da extrema-direita europeia, começa a tomar forma no país e o momento atual da Alemanha serve de lição para a esquerda brasileira e suas ações para barrar o avanço desse tipo de pensamento criminoso por aqui.

Por lá, a direita anti-União Europeia tenta se descolar dos discursos mais raivosos das ruas, mas defende que o governo de Angela Merkel, que também é de direita, ouça as reivindicações do movimento e repense a política imigratória do país.

Já a esquerda, reduzida em força parlamentar e peso político, tentou promover passeatas em resposta aos protestos xenófobos, mas colocou pouca gente nas ruas. O fracasso é a mostra da derrota discursiva da esquerda em países como França, Reino Unido e Alemanha.

A imagem do estrangeiro que rouba o emprego de nativos conquistou o imaginário de boa parte da população desses países, que tem dado vitórias eleitorais a partidos de direita cada vez mais extremados, o que faz a direita democrática caminhar de maneira perigosa para a defesa destes pontos de vista em busca de votos.

No Brasil, parecemos rumar para a repetição dos fatos narrados. Sem encampar os tresloucados pedidos de intervenção militar, o PSDB alimenta as passeatas pelo impeachment de Dilma. Por outro lado, as lideranças do partido não deram um pio sobre a fala de Bolsonaro, cabo eleitoral de Aécio durante o segundo turno.

A diferença crucial reside no tamanho da esquerda na Alemanha e no Brasil. No poder há 12 anos, o PT - e o conjunto das esquerdas no poder - possui peso político para contrabalançar as investidas da extrema-direita, mas é preciso vontade e coragem para tanto.

Por Bolsonaro, pela gente insana que defende uma nova ditadura militar e pelos exemplos que vêm de fora, é necessário que o governo abandone a paralisia que assumiu desde o 26 de outubro e faça valer a vontade da maioria do povo, barrando nos discursos, nas ações e nas ruas o avanço das pautas de extrema-direita que já foi impedido nas urnas.

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