E agora, Luciana?

Luciana Genro precisa escolher um lado no segundo turno

Por Pedro Muxfeldt

Luciana Genro termina a eleição com 1,6 milhão de votos. Com quase o dobro do apoio obtido por Plínio de Arruda Sampaio em 2010, a ex-deputada adquire um capital político que tem a capacidade de se tornar o fiel da balança num segundo turno, que caminha para vitória de Dilma ou Aécio por margem estreita. É daí que surge a pergunta do título: e agora, Luciana?

Diferente dos dois candidatos a presidente indicados pelo PSOL nas últimas eleições - Plínio e Heloísa Helena -, a gaúcha, ainda que faça oposição ferrenha ao PT, demonstrou não compactuar com o discurso neoliberal do PSDB. Isto ficou claro nos sucessivos embates com Aécio ao longo da campanha.

Em todas as suas falas, Genro mostrou que sua crítica ao governo se funda nos limites do projeto reformista do PT, imprensado pela coalização com forças conservadoras, e não no moralismo asséptico de discursos contra corrupção. Luciana quer um Brasil de mais direitos do que os proporcionados por Lula e Dilma cada vez mais refratários aos ataques da direita reacionária.

E é contra estes ataques que a candidata deve se voltar agora e declarar voto na presidenta Dilma. Voto crítico, mas explícito. Nos outros pleitos, Heloísa e Plínio mantiveram-se neutros. Isso, ao contrário do que alguns dizem, não é fazer o jogo da direita, mas também não combina com o discurso de Luciana.

Apesar de ter chamado as candidaturas hegemônicas de irmãs siamesas, Genro sabe que PT e PSDB estão em campos opostos. Um lado representa um projeto político de soberania nacional, inclusão social e geração de emprego. O outro está alinhada (e se alinhará mais ainda no segundo turno) com o campo conservador, aquele que quer baixar o salário mínimo, suprimir direitos e ficar de joelho diante dos Estados Unidos.

A candidata do PSOL precisa escolher um dos lados. E agora, Luciana?

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