Eleições nos Estados: Desistência de Arruda zera disputa no DF

Jofran, Rollemberg e Agnelo disputam governo do Distrito Federal

Por Pedro Muxfeldt

Na terceira entrevista da série Eleições nos Estados, o Trocando Ideia vai analisar hoje a disputa no Distrito Federal. Na avaliação de Antônio Flavio Testa, cientista política da UnB, o pleito no DF recomeçou do zero há duas semanas com a desistência do ex-governador José Roberto Arruda em disputar o cargo após sofrer seguidas derrotas na Justiça Eleitoral.

Na conversa, o professor comenta a chance de quebra da polarização com a ascensão de Rodrigo Rollemberg e as dificuldades encontradas pelos candidatos petistas, o governador Agnelo Queiroz e a presidenta Dilma Rousseff, para conquistar votos em Brasília. Confira a entrevista a seguir.

O que mudou com a desistência de José Roberto Arruda (DEM) de concorrer após ter seu registro negado pela Justiça Eleitoral?

Basicamente, a eleição no Distrito Federal recomeçou do zero. Além disso, os votos de Arruda ficaram divididos entre o Jofran Frejat (PR), que substituiu o ex-governador e Rodrigo Rollemberg (PSB), que assumiu a dianteira. Com isso, surge a chance de vitória de um candidato fora dos círculos que rotineiramente governam o DF, que é a turma de Arruda, Roriz e Luiz Estevão e o grupo do Agnelo Queiroz (PT), atual governador.

Marina Silva lidera com folga as intenções de voto para presidente no Distrito Federal. Sua força tem influência no crescimento de Rollemberg?

Acredito que pode ter sim. Já em 2010, a candidatura da Marina recebeu muito apoio em Brasília e não deve ser diferente nesta eleição. Porém, o Rollemberg também tem um índice de reconhecimento elevado, foi eleito deputado federal e senador com votações expressivas. O apoio de Marina só vem a aumentar seu eleitorado potencial.

As administrações do PT, tanto de Agnelo quanto de Dilma, são muito mal avaliadas no DF. Por que isso acontece?

De fato, o governador Agnelo tem imagem muito negativa junto à população. Em quatro anos, foram muitos escândalos de corrupção, promessas de campanha não foram cumpridas e a comunicação do governo é péssima, o que impede que as áreas em que ele vai bem apareçam. Além disso, o eleitorado de renda mais baixa, fiel ao PT no resto do Brasil, tem fortes laços com Roriz e Arruda por aqui, dando pouca margem de aprovação ao partido no Distrito Federal.

As pesquisas apontam que haverá segundo turno entre Rollemberg e Frejat. Qual o cenário para essa disputa?

Antes de mais nada, o governador Agnelo tem a missão de evitar um grande vexame que seria ficar de fora do segundo turno. O Frejat estava afastado da vida pública, mas é conhecido e se crescer um pouco mais pode ganhar cacife para vencer no segundo turno. Apesar de tudo isso, o Rollemberg é o grande favorito para ganhar as eleições até porque deve conseguir levar mais votos do Agnelo do que o Frejat.

Agnelo está na situação mais complicada no pleito. O que ele pode fazer para reverter esse quadro até o fim da campanha?

Primeiro, não se pode desprezar a máquina de governo, que é muito grande aqui no DF. Além disso, é possível que Lula e Dilma entrem com mais força na campanha para tentar levar Agnelo ao menos para o segundo turno e garantir mais cadeiras no Congresso. Mesmo assim, o quadro é difícil para ele porque, como já disse, a população das cidades-satélites, que decide a eleição, é refratária ao PT e costuma se alinhar aos grupos de Roriz e Arruda.

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