Dilma, não é para frente que se anda, é para a esquerda

Caminho para vitória petista é reunir a esquerda de verdade

Por Pedro Muxfeldt

Para combater a ameaça de retrocesso de um governo tucano, o PT lançou mão neste segundo turno do mote 'é para frente que se anda'. Para além de questões de marketing, o slogan é um retrato da campanha pela metade que o governo tem feito nesta eleição, especialmente no segundo turno.

Diante do mesmo adversário das três vitórias anteriores, o PT optou pela tática da comparação, ataques a falas e propostas adversárias e por pintar o pleito de um embate entre pobres e ricos.

O que o partido não está levando em conta é que desta vez a campanha de Aécio Neves chega ao segundo turno com o velho apoio da mídia, mas turbinada por uma união maior entre os caciques do PSDB e o recrudescimento do sentimento anti-PT, que atinge até mesmo setores antes mais ligados ao governo.

Com um quadro político novo diante de si, o PT deve, mais do que propor avanços em políticas implementadas, buscar uma guinada à esquerda em sua propaganda e, principalmente, em seu governo.

E o momento é propício. Com a série de apoios à esquerda que angariou, como bons quadros do PSOL, movimentos sociais e progressistas que escolheram Marina no primeiro turno, cabe ao Partido dos Trabalhadores buscar a união do campo popular não apenas contra a ameaça neoliberal, mas em torno de um governo que promova as reformas de base que há séculos o Brasil espera.

Para isso, é preciso que a campanha de Dilma traga, como pedi em texto anterior, a política para o debate e discuta a necessidade da democratização dos meios de comunicação, uma reforma tributária que taxe ricos e desonere pobres, a necessidade dos órgãos estatais para melhor servir à população, reformas agrária e urbana vigorosas e por aí vai.

É difícil cravar se o modelo petista, constrangido pelas alianças com parcela do conservadorismo, está esgotado num país ainda muito carente. Contudo, é evidente que ele tem um teto baixo demais para se alcançar a real cidadania e tornar o Brasil uma nação mais justa e igual. Esse horizonte não está à frente, mas à esquerda. E é para lá que o PT deve rumar se quiser promover o 'mais mudanças, mais futuro' que prega um outro slogan seu.

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