Plebiscito coloca pressão de milhões de votos no colo do Congresso |
Por Pedro Muxfeldt
No domingo, foram fechadas as urnas do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva - a votação foi prorrogada na internet até segunda-feira -, ação organizado por centenas de movimentos sociais que visa pressionar o Congresso Nacional a convocar uma Constituinte para realizar a reforma política tão necessária para o avanço da democracia no Brasil. Na expectativa dos organizadores, de 1º de setembro a domingo foram 10 milhões de votos.
Nesta segunda, o Trocando Ideia conversou com Lucas Pelissari, secretário-nacional do movimento, que revelou que as regras da eleição podem contemplar o financiamento público de campanha e até mesmo a possibilidade de um candidato concorrer sem estar ligado a um partido político. Confira a entrevista na íntegra.
O que motivou a decisão de realizar um plebiscito popular?
A convocação de uma constituinte exclusiva para a reforma política não pode se dar através de um projeto de iniciativa popular, como foi a Lei da Ficha Limpa, somente o Congresso via emenda à Constituição pode fazer isso. Assim, optamos pelo plesbiscito popular, que é uma ferramenta que os movimentos sociais já detêm experiência usado, entre outros momentos, na luta contra a criação da Alca, quando reunimos 10 milhões de votos.
O plebiscito popular não tem valor legal. Quais os objetivos?
Além de estimular o debate sobre a reforma política, queremos usar o plesbiscito como um instrumento de pressão sobre os parlamentares, que parecem muito pouco dispostos em agir. Em 2013, a presidenta Dilma propôs o plebiscito e foi barrado pelos setores mais conservadores do Congresso, mesmo aqueles são seus aliados.
Qual o próximo passo que será dado pelo movimento?
Até o dia 21, nós teremos terminado toda a apuração para saber o número exato de votos que tivemos. Além disso, já temos reuniões agendadas com parlamentares para apresentarmos a proposta de decreto legal que já temos prontos para iniciar as discussões no Congresso porque o que queremos agora é a convocação do plebiscito oficial.
Como garantir que a eleição para os membros da Constituinte não reproduza as assimetrias do atual processo político?
As regras precisam ser diferentes das atuais para quebrar a estrutura viciada e antipopular que temos hoje, mas por aglutinarmos muitos movimentos, não existe entre a organização do plebiscito um consenso de quais regras precisam ser aplicadas à eleição dos membros da Constituinte. A única certeza que temos é a necessidade de não haver financiamento privado das campanhas.
Há, entre parte do eleitorado, certo descrédito em torno dos partidos políticos. É possível que um candidato a constituinte prescinda de se associar a um partido para concorrer?
É possível sim, pois as regras do processo serão feitas pelo Congresso. Então, qualquer regulamentação é viável.
Existe uma expectativa de quanto tempo irá durar todo o processo para o estabelecimento da Constituinte exclusiva?
Não temos ideia porque muitas variáveis podem acelerar ou retardar esse processo, inclusive qual será o presidente em 2015. O que sabemos é que a reforma política, mais cedo ou mais tarde, irá acontecer. É um imperativo de todos os países que avançam democraticamente.
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