A proposta elitista do ex-policial para combater arrastões nas praias do Rio

Propostas de comentarista e governador têm conteúdo de classe


Por Pedro Muxfeldt

No final de semana, uma série de arrastões na praia de Ipanema gerou correria e mais de 30 pessoas foram presas por PMs e guardas municipais. Ontem, o ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel, foi à bancada do RJTV comentar o caso e declarou que, para coibir os assaltos na orla, a polícia deveria usar de inteligência e iniciar a proteção dos banhistas no ponto final dos ônibus 472 (Triagem-Leme), 473 (São Januário-Lido) e 476 (Méier-Leblon).

A visão tacanha e elitizada é a mesma que explica os protestos de moradores contra a ida do Metrô para Ipanema e agora Leblon, em obras. É a visão de quem pensa o Rio de Janeiro através do conceito de cidade partida formulada pelo jornalista Zuenir Ventura, de quem enxerga na população pobre a causa de todos os males e em sua coerção, o fim dos mesmos.

Questionado sobre o que aconteceu no dia anterior, o governador Luiz Fernando Pezão fez ainda pior e defendeu a redução da maioridade penal. Na sua cabeça estavam apenas os jovens pobres e negros da Barreira do Vasco e do Méier. Sobre crimes de adolescentes de classe média ou alta, nenhuma palavra.

É triste constatar que o ambiente democrático da praia, que é uma metáfora da cidade inteira onde o mar se mistura à montanha e favela e asfalto são um corpo só, tenha se tornado pano de fundo para movimento tão classista. Não demora e colocam um portão de entrada em Ipanema. Ou uma jaula no Méier.

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