O problema dos ultraconservadores são as mãos dadas aos neoliberais

Material de pastor candidato e capa da Folha usam mesmo tom


Por Pedro Muxfeldt

O assustador material de campanha de Édino Fonseca e Ezequiel Teixeira divulgado pelo deputado federal Jean Wyllys no final de semana é um prato cheio para os adversários de Marina Silva.


Em 24 páginas, a dupla de candidatos a deputado cariocas, que estampa a foto da ex-senadora na contracapa da peça, enxerga no governo federal e na população LGBT agentes do anticristo que poriam fim à fé cristã no Brasil.

Apontar o dedo para Marina, que professa a mesma religião dos pastores-deputados, é fácil. Contudo, por detrás do palavreado que mistura Inquisição com anticomunismo, o que emerge do discurso dos dois celerados líderes religiosos são os interesses da direita reacionária e elitista.

Combinado aos ataques à população LGBT e aos defensores da legalização do aborto, o texto também se levanta contra as invasões de propriedades privadas por movimentos por moradia e terra.

Para além das alucinações de fundamentalistas religiosos, disponíveis aos borbotões no YouTube, este é o ponto nevrálgico que a tal propaganda desvela: a aliança entre o conservadorismo nos costumes e a opção neoliberalista e antipopular na economia.

Com uma grande foto de um manifestante do MST, os autores do texto dizem que o anteprojeto de reforma do Código Penal, quando trata do crime de terrorismo, abre brecha para as ocupações de sem terras e que, absurdo dos absurdos, "não será possível recorrer ao Judiciário para tentar a reintegração de posse, e sim, apenas a uma comissão popular dos invasores, a qual fará audiências públicas para decidir como deverá ser repartida a propriedade invadida".

E lá está a Folha de S. Paulo para não me deixar mentir. Justo hoje, o jornal estampou em seu site a ameaça de João Pedro Stédile de que o MST fará protestos diários em caso de vitória de Marina Silva em outubro.

É a velha tática de sempre, amedrontar com palavras vazias e usar a fé do povo para angariar apoio em políticas que vão contra o seu próprio interesse. Não mais. As pesquisas e os últimos 12 anos mostraram que já sabemos muito bem quem está do nosso lado de verdade.

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