'Minas será um símbolo da campanha do PT', diz professor da UFMG

Dilma e Pimentel venceram no primeiro turno no reduto tucano

Por Pedro Muxfeldt

A inédita vitória do PT em Minas Gerais, que deu a Fernando Pimentel o posto de primeiro petista eleito governador no Sudeste em toda a história, e o sucesso da presidenta Dilma no reduto eleitoral de Aécio Neves não serão determinantes para o segundo turno das eleições, mas terão um peso simbólico considerável durante a campanha. É o que afirma o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG.

Para ele, a derrota tucana no estado que governou por longos anos será utilizada largamente pela candidatura governamental como forma de desconstruir a imagem vendida por Aécio de grandes feitos e aprovação na casa dos 80% durante seu período como governador. Em entrevista ao Trocando Ideia, o professor mineiro também traça prognósticos para o segundo turno. Confira.

Minas Gerais, onde Pimentel e Dilma venceram, pode ser determinante para definir o vencedor do segundo turno?

Não acredito que será determinante, mas terá um valor simbólico muito grande para a campanha do PT. Além da vitória expressiva de Fernando Pimentel, o resultado será usado para desconstruir a imagem que Aécio vendeu ao longo de toda a campanha. Ele baseou suas ações em Minas, falava de avanços e na excelência da gestão e as urnas disseram o contrário. O PT vai aproveitar isso certamente, dizendo que quem conhece em Aécio, não vota nele.

Dilma venceu em Minas por 400 mil votos e Marina obteve 1,5 milhão de votos no estado. A vitória petista deve se manter no segundo turno?

Há uma boa possibilidade de Aécio recuperar esses votos e vencer apertado em Minas, mas isso não exclui o mal que a escolha de Pimenta da Veiga para disputar o governo e a derrota no primeiro turno farão para sua campanha do ponto de vista da imagem.

Expandindo para o Brasil, qual o caminho que os 22 milhões de votos de Marina Silva devem tomar no segundo turno?

Marina se perfilou claramente como oposição ao PT durante a campanha. Portanto, a tendência é de que os votos sigam mais para Aécio. A chave da eleição, porém, é saber em que proporção isso se dará. Não se pode somar votos de Aécio e Marina e dar a eleição por encerrada. Existe um eleitorado do PSB mais progressista que rejeita a candidatura tucana. E é bom lembrar também que parte da migração de votos se deu já no primeiro turno e é isso que explica o desempenho acima do esperado do senador.

A votação para presidente ficou bem dividida, com Dilma vencendo no Norte e Nordeste e Aécio conseguindo largas vantagens no Sul e Sudeste. Esse cenário pode mudar no segundo turno?

Acredito que Aécio só tem chances de melhorar seus índices em Pernambuco caso a família de Eduardo Campos o apoie formalmente e na Paraíba onde tem palanque com Cássio Cunha Lima, mas enfrenta aliança PSB-PT. No restante da região, ele não precisa nem ir porque não tem votos. Pernambuco será importante, tem um colégio eleitoral grande e o quanto ele obtiver por lá pode decidir a eleição.

Assim como em 2010, havia expectativa de vitória no primeiro turno entre a militância petista. Foi um erro acreditar que Dilma poderá vencer sem segundo turno?

O partido mesmo nunca trabalhou com essa hipótese, que era remota. Esse movimento pode ter sido mais de apoiadores do que do próprio comando do PT. O erro maior do governo nessa eleição foi ter batido demais em Marina, mesmo depois que ela entrou em queda livre. Desse jeito, Aécio acabou subindo nas pesquisas sem ser combatido e entra no segundo turno com moral elevado.

Acompanhe o Trocando Ideia também no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário