O que será do Vasco com a volta de Eurico Miranda?

Volta de Eurico Miranda ao Vasco é passo atrás do futebol brasileiro

Por Bruno Cavalieri

Eurico Miranda passou décadas dentro do Vasco. Como dirigente ou presidente, virou figura caricata do futebol nacional. A forma centralizadora e autoritária de conduzir o clube, no entanto, não acompanhou a modernização do futebol. Em junho de 2008, finalmente, o torcedor vascaíno se viu livre do antigo mandatário.

O Vasco, dirigido por Eurico Miranda, ganhou títulos no futebol, futebol de salão, basquete e remo. Não se pode tirar os méritos do ex-presidente. Muito menos, podemos tirar a culpa pelo imenso declínio vascaíno no começo deste século.

O "Eurico do Vasco", na verdade, virou "Vasco do Eurico". São Januário virou a casa do ex-presidente. Veículos de imprensa e até mesmo Roberto Dinamite, que fazia oposição ao dirigente, ficaram proibidos de frequentar a sede do clube. O centenário Club de Regatas Vasco da Gama ficou esquecido, em meio a vaidades e opiniões pessoais.

O cenário, em 2008, era perfeito: o autoritário-mandão dava lugar ao maior ídolo da história do clube. Seis anos e dois rebaixamentos depois, Roberto Dinamite virou vilão e, no campo, o Vasco teve o pior desempenho de sua história. A imprensa precisava de alguém para falar dos problemas. Eurico precisava da imprensa para voltar a ser popular. "Se fosse comigo, o Vasco não estaria desse jeito", "Eu vou ter que voltar para salvar o Vasco". Essa simbiose oportunista ajudou no processo de reconstrução da falida imagem de Eurico Miranda.

Dentro do clube, como presidente do Conselho de Beneméritos, seguiu exercendo sua influência. Fora dele, apesar da imensa rejeição, reconquistou popularidade. O resultado das eleições de ontem confirmam o renascimento de Eurico Miranda: se não acabar na Justiça, no dia 19/11 ele deve ser eleito presidente do Vasco.

O triênio 2015-2016-2017, para o Gigante da Colina, será comandado por cabeças que pararam nas décadas de 80 e 90. Não há mais espaço para tanto atraso no atrasado futebol brasileiro. Não há mais tempo para o Vasco, sufocado em dívidas, continuar comandado por alguém que se julgue dono do clube. 

A volta de Eurico Miranda era impensável. Hoje, é uma realidade. O autoritarismo está de volta a uma das instituições que mais brigou pela democracia no país. Mais do que nunca, o sentimento não pode parar.

Acompanhe o Trocando Ideia também no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário