Eleições nos Estados: Oposição deve se unir para vencer em reduto tucano

Requião e Gleisi devem unir forças para derrotar o governador Beto Richa

Por Pedro Muxfeldt

A disputa no Paraná é o tema do quarto capítulo da série Eleições nos Estados que o Trocando Ideia veicula desde segunda-feira. O cientista social Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, analisa o bom desempenho do PSDB no estado, onde o partido pode ganhar para governador e senador.

Ele também fala de uma possível união PT-PMDB para o segundo turno, da escolha da chapa petista para concorrer ao Senado e do sucesso de Aécio Neves no estado, onde está 13 pontos percentuais acima de sua média nacional. Confira a entrevista a seguir.

Quais fatores têm dado a liderança nas pesquisas ao governador Beto Richa (PSDB)?

Fundamentalmente, ele tem se aproveitado dos avanços sociais gerados pelos programas do governo federal para se promover. Isso é algo natural tendo em vista que os estados e seus governantes costumam se beneficiar quando o poder central conduz a melhoria do nível de vida da população. Além disso, existe um eleitorado rural, ligado ao agronegócio, no interior do Paraná que tem raízes conservadoras e aumenta as intenções de voto em Beto Richa.

Há uma indefinição sobre a ocorrência ou não de segundo turno nas eleições estaduais. O que você acredita que irá acontecer?

Essa é a grande questão da eleição no Paraná. A margem do candidato Beto Richa é estreita e ele está tentando com todas as forças definir o pleito em primeiro turno. Porém, a tendência é que as campanhas de Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) subam nestes últimos dias e levem a eleição para o segundo turno.

Nesse caso, uma aliança entre PMDB e PT é possível e pode dar vantagem ao candidato de oposição que concorrer com Beto Richa?

Isso é bastante provável e inclusive aconteceu na campanha de 2002 quando o PT apoiou Requião no segundo turno e ele venceu. Deve ocorrer o mesmo esse ano e a união da oposição em torno do ex-governador coloca em risco a vitória de Richa ainda que as pesquisas o apontem como favorito também no segundo turno.

Aécio lidera a disputa no Paraná, 13 pontos percentuais acima da média nacional. A que se deve o desempenho do tucano no estado?

Ao eleitorado conservador do interior do qual já falei, que costuma votar no PSDB, e também ao apoio de Beto Richa a Aécio, que tem lhe garantido espaço de televisão e, consequentemente, votos.

Dizem que o PSDB perderá sua expressão nacional com nova derrota para presidente. Porém, no Paraná, o partido pode eleger governador e senador. Como você enxerga a situação?

O PSDB já perdeu sua força por falta de uma referência nacional que carreie votos e eu creio que conquistar governos como Paraná e São Paulo não irá resolver esse problema. Além disso, os tucanos sofrem com muitas brigas entre suas lideranças. Aqui mesmo, Beto Richa e Álvaro Dias andam se estranhando. Isso mina a força do PSDB a nível nacional.

Na disputa para o Senado, Álvaro Dias deve ganhar com folga. O que explica essa larga margem sobre os concorrentes?

O Álvaro é experimentado, já foi governador, já foi eleito senador, possui um capital político muito grande frente ao eleitorado conservador do estado. Por outro lado, seus adversários não são nomes de expressão, o que só veio a facilitar uma vitória que já era bastante possível.

Algumas alas do PT queriam que o deputado Doutor Rosinha disputasse o Senado, mas o partido optou por apoiar Ricardo Gomyde (PCdoB). O PT errou nessa decisão?

Foi uma decisão pensando na coligação com o PCdoB. Além disso, Rosinha preferiu não disputar as eleições deste ano, dizem que aspira a uma vaga no Parlasul. É também uma demonstração de força do grupo de Londrina, de Gleisi e Paulo Bernardo, ala mais conservadora do PT. Eu acredito que o melhor nome para enfrentar Álvaro Dias seria o de seu irmão Osmar Dias (PDT). Porém, há um acordo familiar que impede os dois de disputarem um mesmo cargo. Nesse sentido, a vitória do tucano ficou facilitada.

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