 |
| Quem vota em Bolsonaro pensa tudo o que ele fala |
Esse texto não se propõe (nem poderia) a traçar um perfil psicológico do eleitor do deputado federal Jair Bolsonaro. Seu público, aliás, é tão diverso que é muito provável muitos daqueles que votaram nele escolheram, para deputado estadual, Marcelo Freixo, a antípoda do ex-militar.
Mas a pergunta do título, refeita de maneira direta - por que você vota nele? - aos eleitores de Bolsonaro costuma encontrar uma resposta quase uniforme. "Porque ele fala o que pensa", dizem boa parte dos 464.572 fluminenses que o escolheram nas eleições de outubro.
Mentira. Ou melhor, uma meia verdade. A resposta completa que eles deveriam dar é "por que ele fala o que eu penso, mas tenho vergonha (ou não tenho imunidade parlamentar) de falar".
Pois dar um voto, seja ele em quem for, só pode ser motivado por duas coisas. Ou bem o eleitor é um analfabeto político - o pior dos analfabetos, como disse Brecht - ou divide visões de mundo e de atuação política com seu eleito.
E que não venham se fazer de enganados e decepcionados com o crime cometido por ele contra a petista Maria do Rosário ontem, no plenário da Câmara dos Deputados. A ameaça de estupro foi só o auge de carreira repleta ataques a negros, gays, mulheres e defensores dos direitos humanos.
Quem vota em Bolsonaro é porque acredita na vigência de uma ditadura gay apesar dos assassinatos frequentes de homossexuais, insiste que petistas e comunistas são a pior espécie que já habitou o planeta, aponta que as cotas raciais servem para dividir o país, entre outras sandices.
Pensando bem, votar em Bolsonaro é demonstração inequívoca de analfabetismo político, ainda que a escolha tenha se dado por afiliação ideológica. É que, retornando a Brecht, é da ignorância política desses mais de 450 mil eleitores que nasce "o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais" e, aqui no Brasil, que também defende o estupro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário