Quem tem medo de Cuba em 2014?

Aécio questionou investimentos no Porto de Mariel, em Cuba

Por Pedro Muxfeldt

O debate de ontem entre Dilma e Aécio repetiu os embates entre a dupla no primeiro turno. Enquanto o tucano buscava colar na presidenta a delação de Paulo Roberto Costa, vazada a conta-gotas pela mídia nos últimos dias, a petista rebatia com o aeroporto de Cláudio, o nepotismo e outras ações do adversário que deveriam impedi-lo de dar um pio sobre corrupção e imoralidade ao longo da campanha.

Gostaria de destacar, porém, a pergunta do candidato do PSDB sobre o financiamento do BNDES à construção do Porto de Mariel, em Cuba. Por duas vezes, Aécio questionou Dilma sobre cláusulas sigilosas do contrato assinado, como bem lembrou a presidenta, entre o governo federal e empresas brasileiras que prestarão serviço aos cubanos.

Sob a capa de um discurso que exige investimentos federais na infraestrutura nacional, que estão sendo feitos em larga escala, diga-se, o que Aécio quer é colocar mais lenha na fogueira da ideia tresloucada de que o Brasil, ao se tornar parceiro de Cuba, Venezuela, Bolívia e afins, caminha para a implantação de uma ditadura comunista em nossas terras.

Além disso, o candidato surfa no medo que boa parte das elites sentem pelo país de Fidel Castro. Cuba, é sempre bom repetir, erradicou a fome e o analfabetismo há décadas, tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, prega e pratica a solidariedade entre os povos. O medo, então, vem de onde?

Vem da campanha de desinformação que a nossa mídia, apoiada em gente como Aécio e Álvaro Dias (aquele que questionou a presença de uma bandeira de Cuba no clipe da música oficial da Copa do Mundo), faz.

Na raiz da infeliz pergunta de Aécio também está seu ideal de política externa para o Brasil. O ideal de um país que volte a virar as costas para nossos vizinhos latino-americanos e renda-se novamente aos ditames dos Estados Unidos.

Em 2014, quando Cuba começa a abrir sua economia ao mundo e onde até o New York Times, em editorial recente, passou a defender o fim do embargo ianque à ilha, os tucanos ainda tentam se eleger com base no anticomunismo. É por essas e outras que são a cara do retrocesso que o Brasil precisa rejeitar.

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