Sem risadas e likes, governo precisa falar sério no segundo mandato

Só observar não basta, é preciso agir

Por Pedro Muxfeldt

Faça um teste. Entre em qualquer portal de notícias ou página no Facebook e dê uma olhada nos comentários sobre qualquer tema. Invariavelmente, você vai encontrar algum leitor conseguindo encontrar o dedo de Dilma e Lula no acontecimento. Da tragédia da boate Kiss em Santa Maria à morte de um casal na Tailândia, é tudo culpa do PT.

O acúmulo de teses sobre a responsabilidade do governo federal em acidentes, mortes e afins é tão grande que suscitou a criação do tumblr 'Tudo Culpa dos Petralhas', que transforma em piada a série de sandices propagadas pelo antipetismo na internet.

A página, porém, é uma mostra, ainda que não seja feita por gente diretamente ligada ao governo, da completa ineficiência do PT para se comunicar desde que assumiu o poder. Se o enfrentamento com a mídia tradicional a partir da 'política do controle remoto' falhou de maneira retumbante, o combate ao antipetismo, gestado pela mesma imprensa de oposição que não recebeu o devido tratamento, também não pode ser feito na base da piada e do escárnio.

O que se vê pelas redes quanto ao PT é, na maioria das vezes, completa irracionalidade. Além de culpar o partido por tudo, usuários demonstram falta de conhecimento sobre as atribuições de cada esfera de poder, imputando à União a responsabilidade sobre a segurança pública, ensino básico e preço das tarifas do transporte público.

Para combater esse sentimento, que lhe rouba votos e credibilidade, o governo precisa promover uma mudança radical em sua comunicação. Deve deixar de lado o clima de brincadeira das redes sociais, que cada vez mais se torna um ambiente de pregação para convertidos, e passar a falar sério.

Para isso, o governo não pode ficar a exigir, como o fazem alguns parlamentares petistas, que a oposição 'desça do palanque'. Aliados da mídia, Aécio, Serra e seus asseclas terão holofotes e microfones sempre à disposição. O PT deve fazer o movimento contrário, subir também no palanque e manter o ritmo da campanha pelos próximos quatro anos.

E isto deve se dar em duas frentes. Por um lado, manter-se firme aos compromissos assumidos durante a campanha, especialmente na luta pelo plebiscito da reforma política, regulação dos meios de comunicação, criminalização da homofobia e demais ações de caráter progressista e que demarquem claramente quem é quem na política nacional e mantenham a aliança do governo com movimentos sociais firmada no segundo turno.

Na outra mão, deve fortalecer a Empresa Brasileira de Comunicação e outras mídias estatais e comunitárias que quebrem a hegemonia do discurso liberal-conservador da grande imprensa, que culpa o PT por tudo e esconde a agenda positiva do governo nos últimos 12 anos.

As táticas de comunicação do PT caducaram. É hora de mudanças vigorosas e ação política constante, porque um projeto de país inclusivo e popular, atacado diuturnamente pela imprensa, tem que ser conquistado a cada dia. E para isso é preciso falar sério, não fazer piada.

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