Viramos uma Venezuela nas urnas e o governo precisa entender isso

As reformas de base são uma necessidade do próximo mandato de Dilma

Por Pedro Muxfeldt


O grande medo da banda mais reacionária do eleitorado de Aécio Neves acaba de se concretizar. Nas urnas, o Brasil se transformou numa Venezuela. A exemplo da eleição de Nicolás Maduro sobre Henrique Caprilles no ano passado, o resultado da votação apresenta um país rachado ao meio, mas ainda pendendo para o lado das forças progressistas que tanto lá quanto cá conseguiram barrar o avanço conservador.

Mais do que encampar o discurso da mídia de que o momento é de união nacional, Dilma e o governo do PT precisam compreender que o recado das urnas é um grito de exigência por uma manobra vigorosa à esquerda e aqui também vale prestar atenção no exemplo que vem da Venezuela.

Por lá, a direita, alijada do poder desde 1998, partiu para o golpe. Primeiro, não aceitando o resultado da votação e, na sequência, convulsionando o ambiente no país. Foram os movimentos sociais organizados e unidos que impediram a tentativa da oposição.

Por aqui, o PSDB já vem flertando com o golpismo desde as últimas semanas. Em artigo publicado no site do partido, o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, afirmou que Dilma não teria condições de governar o país. Escorados na mentirosa capa da Veja de sexta-feira, colunistas como Merval Pereira e Reinaldo Azevedo também começaram a falar em impeachment da presidenta.

É preciso entender que a ameaça da direita neoliberal não está acabada. Diria mais, com a via eleitoral fechada por mais quatro anos, a busca pelo poder terá que vir fora dos meios democráticos. É aí que mora o perigo. Para barrar essa nova investida, a união do campo da esquerda que se configurou neste segundo turno precisa ser mantida.

Para isso, o governo tem que tornar à esquerda e promover as reformas de base que esperam sua execução desde João Goulart. Dilma precisa ter como norte em seu segundo mandato o plebiscito pela reforma política, uma reforma tributária que não onere os mais pobres, a democratização dos meios de comunicação e a reforma agrária em passo mais rápido que a dos últimos quatro anos.

Só assim, afirmando e reafirmando seu caráter popular e seu compromisso com os trabalhadores, o PT conseguirá seguir comandando o processo de mudanças sociais, econômicas e diplomáticas que o Brasil vem vivendo desde 2003 e impedir que o infundado ódio antipetista tenha força para reconduzir os fantasmas do arrocho salarial, do desemprego e da recessão para o Alvorada.

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