Ontem, tratei aqui do risco que a candidatura Aécio Neves representa para a manutenção dos programas sociais. Hoje, falarei da ameaça tucana aos direitos dos trabalhadores. Se o senador se esforça para garantir a sequência da proteção social, suas falas sobre a CLT e demais conquistas trabalhistas, por si só, já deixam no ar o temor de que os assalariados perderão direitos em seu mandato.
Veja também:
- Parte 1: Programas sociais sob ameaça com Aécio
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Em uma de suas propagandas, Aécio aparece em sabatina com lideranças sindicais e, entre as respostas, questiona a perda de participação da indústria no PIB e afirma que em seu governo os empregos hoje gerados em países como a China voltarão para o Brasil. A promessa é de fazer tremer as pernas dos trabalhadores.
A China, assim como boa parte do Sudeste Asiático, conseguiu se transformar num pólo industrial através de salários baixíssimos, jornada de trabalho enorme e uma legislação trabalhista quase inexistente. É esse o modelo que Aécio propõe para o país? Com base em seu histórico como parlamentar, sim.
Em seus tempos de deputado federal, Aécio, sistematicamente, deu votos que atacaram conquistas expressivas dos trabalhadores. Foi favorável ao fator previdenciário, à privatização da previdência. Também foi contra a jornada de 40 horas e a recomposição das perdas dos aposentados.
Mais grave, porém, foi sua atuação como presidente da Câmara quando aprovou a toque de caixa, já no final do governo FHC, projeto de Francisco Dornelles, seu primo, que flexibilizava as leis trabalhistas, dando maior peso às negociações entre patrão e empregados do que à CLT. Na prática, essa proposta obriga os sindicatos a terem que lutar por direitos como férias e 13º. Com a vitória de Lula, o projeto foi esquecido.
E por que situações como essa podem voltar num eventual governo do PSDB? Porque a bancada empresarial, da qual quase a metade dos deputados integra, tem uma pauta com mais de 100 itens que suprimem direitos como meta para a próxima legislatura. Sem o esforço contrário do Executivo, as ações, que também colocam em risco a valorização do salário mínimo, podem ser aprovadas no Congresso.
Com discurso de que quer retomar o emprego na indústria, Aécio joga ao lado dos grandes empresários para voltarmos aos tempos em que tínhamos uma das maiores taxas de desemprego do mundo e os trabalhadores faziam qualquer coisa, até se submeter a salários indecentes, para conseguir um serviço. Aécio quer o Brasil chinês. Com muitos produtos e poucos direitos.
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